Há um belo livro de Primo Levi que leva esse nome: “Se não agora, quando?”, em que Levi nos leva em meio a uma narrativa que tem tanto de romanesca quanto de documental. Mais uma vez podemos ler com Levi a marca de uma Vida, em sua existência: da Vida daqueles a quem só é dada uma chance: resistir. "Diga-me, tenente: somos seus hóspedes ou seus prisioneiros?". Resistência que em Deleuze e em Foucault ganham possibilidades de sentidos variados, em ambos casos, belos, potentes, e na prosa de Primo Levi, neste livro em particular, nos é possível dar mais um bom tanto de sentidos ao verbete resistir. Da resistência como criação de possíveis, de mundos possíveis, de modos de existência que nos permitem escapar à sujeição dos aparatos de poder.
A resistência é urgente, se não agora, quando?, exige modulações sempre variáveis de velocidade, que vão do mais veloz ao menos veloz, flertando com o catatônico, tal como Deleuze e Guattari nos apresentam em o AntiÉdipo. O mais veloz é o contrário do mais apressado. A pressa sempre atrapalha as urgências.
Resistir é buscar saídas, como em Kafka, autor tão severamente criticado por alguns como criador de mundos em que a claustrofobia faz sucumbir a liberdade, mas que Deleuze resgata ao demonstrar que para este autor tcheco pouco importa uma discussão majoritária acerca da Liberdade em tons graúdos e sua suposta essência... vale mais procurar saídas, mesmo as menores, e quando estas não houver, inventá-las. Inventar saídas, algo como resistir.
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