Há mais espaço nas celas das prisões em presídios pelo mundo afora, incluindo os do Brasil, do que nas salas de aula de escolas de toda parte, de todos os níveis (do berçário à pós-graduação). Há mais tempo por lá também, nas celas, mesmo que isso pareça inacreditável. Foucault já fez o trabalho sujo de nos mostrar o quanto de inspiração se extraiu do modelo prisional para os demais modelos (família, igreja, caserna, fábrica, etc.). Aliás, há muito estamos quase proibidos de colocar em análise as forças do espaço sem que num mesmo golpe, concomitantemente, se conjugue também as forças do tempo... dos tempos e dos espaços. Inventou-se a expressão espaço-tempo, que não é nada nova, mas ainda soa tal como se novidade fosse. Uma criança flutua, navega pela sala de aula, percorre distâncias, traça proximidades, faz isso com sua atenção ainda dotada de sensibilidade, talvez Matisse tenha mais a nos ensinar sobre os modos de ensinar-aprender com as crianças do que toda uma herança da pedagogia que ainda se arrasta pelos corredores das escolas, com suas correntes pesadas e enferrujadas, tal como um fantasma aposentado, que há muito perdeu a habilidade de produzir um assombro.
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