Considero assaz pertinente a noção de Sociedades de Controle conforme Deleuze, que nos sugere em seu artigo “Post-scriptum sobre as Sociedades de Controle” que este modelo surge em substituição às Sociedades de Disciplina dos séculos XVIII e XIX propostas em uma análise de Foucault. Mas em minha humilde opinião, saindo de cima do muro, não considero que um modelo substitua totalmente o outro, mas sim, que um modelo ultrapassa o outro, arrastando-o, atravessando-o consigo. Isso porque vemos à luz da noite ou à sombra do dia, elementos de um e d’outro modelo de sociedade materializados em nosso cotidiano de agora. Há ainda inúmeras instituições, dentre as que foram moldadas sob os princípios do confinamento físico conforme à nítida distinção entre dentro e fora, da utilização do panóptico e suas torres de vigilância centralizada das Sociedades de Disciplina, que com o tempo agregaram também o controle a céu aberto com a proliferação de sinópticos modulando nossas interações, velocidades e lentidões, em capturas descentralizadas típicas das Sociedades de Controle. Tudo isso “junto e misturado”. Há ainda um pouco disso naquilo e vice e versa.
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