quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

(...) sem palavras.

Inevitavelmente, algumas palavras parecem servir apenas para surrupiar o nosso sossego. Daí que não sabemos bem o que fazer com elas, da mesma forma que não entendemos o que elas são capazes de fazer conosco. Sentimos, apenas. E sob que penas tentamos agarrar o que sentimos, e exprimir o que advém destas sensações... carecemos do quê? De mais palavras. E por mais que as inventemos, serão sempre em quantidade insuficiente (e qualidades inesgotáveis, imprecisas e fugidias).

Eu preciso de um dicionário mais preciso, o que tenho já não (me) basta. Para em seguida perceber que não é disso que eu preciso, até porque o dicionário corresponde apenas a uma parte do que as palavras podem. – Os limites dos significados e as convenções que os regem. – Mas e os sentidos?

Os sentidos envolvem (talvez) uma ética, a capacidade de fazer escolhas, e ao mesmo tempo, lidar razoavelmente bem com o que nos escapa, foge, afecta... Ah! Fale-me de seus afectos sem enunciá-los tal como se emoções o fossem.

(silêncio)

Ahn? É interessante, mas os sinônimos para mim têm pouca valia, servem mais, a meu ver, para confundir, pois que se uma palavra por si só já é várias, se uso mais de uma para dizer o mesmo, a quem estou querendo enganar?

E depois, o que é um homem de palavra? – ou – O que seria a palavra de um homem?

Os duplo-sentidos, eu diria até, triplos, quádruplos... saltos mortais, triplos carpados, toda uma ginástica olímpica da linguagem que se organiza através das palavras, e sabemos que há linguagens outras, e outras semióticas.

(...)

Este é um texto curto, mas cheio de palavras. E não é que faltem palavras, ou que falte algo nas palavras, há até um excesso nelas, assim como um excesso delas. O que não falta é produção.

(...)

Oh puxa! Paro antes da vertigem inevitável... de mais uma palavara.

Um comentário:

Roberta Stubs disse...

o que não falta é produção......e meus afetos não cessam de tropeçar nas palavras pedindo passagem. Belo texto Pirata.