sábado, 22 de novembro de 2008

I'd scrape my toes across the floor


uma unha, uma noite, uma(s) agulhadas depois, um corte, sangue, pus, bactérias... um curativo novo e um outro estilo de caminhar manco. abandonar um modo de manquitolar para compor outro. um novo charme, justamente quando tudo o que se pode dizer é que ali há qualquer coisa menos charme. isso por mais uns dias, talvez quatro, cinco, seis... não sei bem ainda. na enfermaria, noite (passada) afora, enquanto aguardava a minha vez de adentrar à sala de sutura, por minha veia circularam analgésicos e antibióticos – “eis a vida mais pura”. então me chamaram e numa cama gelada me deitei. na injeção uma dose de anestesia e que agulha comprida a perfurar a pele debaixo da minha unha! – ah! esqueci de comentar que (ainda) me refiro à unha do dedão do pé esquerdo. que se tratava do pé, já havia dado para imaginar, eu suponho, por causa da menção ao manquitolar, espécie de passo malandro. em questão de segundos, o corte, o curativo... isso já está soando repetitivo.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

The Great Beyond

“I'm pushing an elephant up the stairs
I'm tossing up punch lines that were never there
Over my shoulder a piano falls
Crashing to the ground”
(R.E.M. – The Great Beyond)

domingo, 26 de outubro de 2008

.:devenir_dervishe:.

Pode-se dizer que os "dervish(es)" não fazem nada além de transmutar as forças da dança no plano de imanência Divino. São forças que se colocam a dançar, mais do que dançarinos, o inumano do giro. Uma espécie de devir_dervishe, que o poeta sufi Rumi através de seus belos versos bem insi_nua:

"I died as a mineral and became a plant,
I died as plant and rose to animal,
I died as animal and I was Man.
Why should I fear? When was I less by dying?
Yet once more I shall die as Man, to soar
With angels bless'd; but even from angelhood
I must pass on: all except God doth perish.
When I have sacrificed my angel-soul,
I shall become what no mind e'er conceived.
Oh, let me not exist! for Non-existence
Proclaims in organ tones,
To Him we shall return."

com giratória.








(...)darei um
giro_dervish por aí e já volto.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

de-voar, de_vém, de-venir, devir

E (ainda) há aqueles que insistem em dizer que a Vida não vale a pena. É desses que eu (mais) tenho pena. A Vida vale a pena sim, quer seja a do escritor, ou a da ave. O escritor hoje pode utilizar outras penas para exercitar a sua escrita (expressão), ainda que a tão duras penas. As asas, as da imaginação, oriundas do sempre-menos-valorizado imaginário, nos permitem “o (mais) danado vôo”. O vôo por levitação, às vezes por Leviathan. As asas do desejo e suas inúmeras penas, isso sem contar com as asas sem penas, (e penas sem asas) ou asas-de-penadas e as máquinas outras de-voar, de_vém, de-venir, devir.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

perce_vejo


Percevejo, nem sempre percebo o que vejo. Ver é um atributo fisiológico, mas já enxergar... o mesmo podemos dizer da sutil diferença entre ouvir e escutar. Para ouvir, basta um aparato auditivo funcionando razoavelmente, mas uma escuta não se produz da mesma maneira. É necessária a conexão de sensibilidades um tanto singulares que possuem estreita relação com as afecções e com os afectos. - Um corpo avariado consegue arrastar potências para lá, aqui e acolá. - Daí me lembro um exemplo citado por Deleuze em uma aula sobre Spinoza, o polidor de lentes - "príncipe dos filósofos", envolvendo "um cavalo que puxa carga", "um boi" e "um cavalo de corrida." O campo de afecção de "um cavalo que puxa carga" guarda mais relações de semelhança/vizinhança com o de "um boi" do que com o de "um cavalo de corrida".

Mas como isso é possível?

Cavalos são bichos da mesma "espécie", de uma mesma filiação. É que o campo de afecção corresponde a um (quase-sem)limite para a(s) nossa(s) potência(s) de ação e pela postura frente à Vida, "um cavalo que puxa carga" e "um boi" guardam similaridades descomunais."um cavalo de corrida"...