segunda-feira, 21 de junho de 2010

câmera lenta na Copa do Mundo e a Vida imita o Videogame


Tenho a impressão de que discutiremos se a Vida imita a Arte ou se a Arte imita a Vida numa espécie de loop em modo Ad Infinitum. Discussão antiga em que encontramos argumentos interessantes a defender ambas as teses, assim como para refutá-las. Há artistas e não artistas funcionando como artistas e há também a eterna discussão a respeito do que é ou não é arte.

Sobre imitações recentes, me espantei com os recursos disponibilizados e exibidos na cobertura audiovisual do maior espetáculo midiático de nossos tempos, a Copa do Mundo de Futebol. Maior do que as Olimpíadas, no sentido dos investimentos e do envolvimento transnacional no esforço de fazer girar todo e qualquer detalhe, por menor que seja, em generosas porções imagetico-informacionais em quantidades exageradas. O futebol é um extraordinário business! E quase não dá para ninguém dizer que não está envolvido com isso em meio ao furacão que atravessa os tradicionais mecanismos de mass media e também os aparatos e redes sociais mais recentes.

E cada Copa tem as suas novidades tecnológicas. Recordo-me da Copa do Mundo de 1994, ocorrida nos Estados Unidos, quando celebramos a conquista da seleção brasileira em imagens cinematográficas, algo tal como: Hollywood se rendeu à Copa do Mundo de Futebol e nos emprestou não só as suas câmeras, mas também o seu jeito inconfundível de capturar, editar e disseminar imagens por televisão. E não faltou nem os heróis, nem os dublês, tampouco o beijo do mocinho na mocinha no final... Dunga beijando a donzela dourada – a taça de campeão.

Esta Copa recente, a primeira em solo africano, nos traz algo que ainda me causa um tremendo espanto em termos tecnológicos: o recurso demasiadamente utilizado da câmera lenta, em transmissão digital. Uau! É possível acompanhar o movimento de dezenas de músculos faciais a cada cabeçada; as expressões de dor a cada dividida; a grama arrancada nos passos largos de uma corrida com bola; o bater de palmas e os lábios em xingamentos e palavras de incentivo; a pele e os músculos e os cabelos e as indumentárias e as reações a cada gesto, a cada instante... Confesso que não sei se eu desejava mesmo ter acesso a isso tudo, a poder ver isso tudo, este excesso de imagens e suas repetições me causa certa vertigem. O recurso de câmera lenta na Copa do Mundo, mezzo FIFA Soccer, e a Vida imita o Videogame?

O futebol e o filme Avatar de James Cameron andam em passos aproximados, pois já é possível adquirir televisores com imagem 3D em Full HD, mesmo recurso explorado nas telas de cinema neste milionário filme em que não nos é possível distinguir a realidade, os atores em carne e osso, dos efeitos em animação gráfica.


2 comentários:

manuel carreiro disse...

Rogério, só uma bobagenzinha: quem beijou a taça em 1994 foi o Dunga.

;-)

rfelipe disse...

Oh, você tem toda a razão. Corrigido. Thanks. Abçs.