terça-feira, 9 de março de 2010

Livro: Os Pequenos Deuses da Trapaça

O grande amigo Manuel Carreiro acaba de lançar um novo livro de contos, desta vez disponível como E-book em formato PDF e acredito fortemente que possa ser do interesse dos camaradas que visitam este blog.

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Mais adiante postarei minhas impressões a respeito deste lançamento.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Co-incidências, uma Vida.

Podemos suspeitar que vivemos em um mundo regido pelo acúmulo de incidências, encontros, cruzamento de linhas, componentes de multiplicidades as mais diversas, ora a se chocarem, ora a nem sequer se tocarem.

Do que mais gosto acerca das coincidências? O efeito assombroso que elas nos causam. Tal como se houvesse qualquer coisa para chamarmos de ordem. Pode haver ordens, desordens, algo que seríamos supostamente capazes de traçar, acompanhar, monitorar, controlar... (?) e ao mesmo tempo, após a linha limítrofe de nossas competências cognitivas, um completo descontrole, a ausência mesmo que temida, de razão. Já nem mais bem sei. Pois, desde que Prigogine e Stengers resolveram nos apresentar ao emaranhado de incertezas que o “balé” entre espaço tempo desenha através de uma “nova” espécie de aliança, tremendamente inusitada, perdi o chão – nunca soube voar.

A sincronicidade, tal como nos inspira Jung tem um pouco de quase tudo a ver com as coincidências e se a este conceito atrelarmos a idéia de imanência tão cara ao nosso querido Polidor de Lentes, Spinoza, eu arriscaria dizer que o que as linhas de uma coincidência costumam traçar nada mais é do que o balizamento de um plano de imanência. Alguns balizamentos, quiçá espaços de ultrapassagem.

E por último, mais uma vez, lembro-me que o palco comum a umas tantas coincidências em uma Vida não poderia deixar de ser do tamanho de uma esquina. As esquinas, sempre elas... quantas coincidências, alguns bons encontros, esquinas afora.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

tal como dervishes...

Nossas baianas do carnaval carioca e seus "giros surfistas". Lembranças dos meus queridos dervishes rodopiantes e seus "giros sufistas".

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Se não agora, quando?

Há um belo livro de Primo Levi que leva esse nome: “Se não agora, quando?”, em que Levi nos leva em meio a uma narrativa que tem tanto de romanesca quanto de documental. Mais uma vez podemos ler com Levi a marca de uma Vida, em sua existência: da Vida daqueles a quem só é dada uma chance: resistir. "Diga-me, tenente: somos seus hóspedes ou seus prisioneiros?". Resistência que em Deleuze e em Foucault ganham possibilidades de sentidos variados, em ambos casos, belos, potentes, e na prosa de Primo Levi, neste livro em particular, nos é possível dar mais um bom tanto de sentidos ao verbete resistir. Da resistência como criação de possíveis, de mundos possíveis, de modos de existência que nos permitem escapar à sujeição dos aparatos de poder.

A resistência é urgente, se não agora, quando?, exige modulações sempre variáveis de velocidade, que vão do mais veloz ao menos veloz, flertando com o catatônico, tal como Deleuze e Guattari nos apresentam em o AntiÉdipo. O mais veloz é o contrário do mais apressado. A pressa sempre atrapalha as urgências.

Resistir é buscar saídas, como em Kafka, autor tão severamente criticado por alguns como criador de mundos em que a claustrofobia faz sucumbir a liberdade, mas que Deleuze resgata ao demonstrar que para este autor tcheco pouco importa uma discussão majoritária acerca da Liberdade em tons graúdos e sua suposta essência... vale mais procurar saídas, mesmo as menores, e quando estas não houver, inventá-las. Inventar saídas, algo como resistir.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tudo e Nada


Quando o tudo e o nada deixam de ser meras noções abstratas.

Recordo-me de uma dessas noites de verão, quando no Brasil não são raras as enchentes e inundações, e eis que um repórter televisivo, fazendo o seu trabalho, interpela uma senhora, moradora de uma casa extremamente humilde, que estava a lamentar os estragos causados pela chuva: “Perdi tudo!” – foi o que ela disse. Mas como pode alguém que praticamente não tem nada, lamentar que perdeu tudo? Nessas horas não dá para trabalhar com as noções de tudo, nada, muito, pouco, mais, menos... e não se trata de relativismo, mas da força das vísceras a estraçalhar nosso platonismo, a transmutar valores e transversalizar linhas de pensamento. O Haiti ainda vai permanecer na linha de frente dos grandes e pequenos noticiários, mas até quando? Talvez pelo tempo que nos for possível suportar os efeitos deste acontecimento devastador de maneira meramente abstrata. Mas e depois? O destino dos grandes fatos noticiados é o mesmo dos pequenos: o esquecimento.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Bons encontros pelas esquinas de 2010 afora.


Chegamos aqui, 2010, e avistamos um punhado de esquinas pela frente? Nada além, nada aquém. Por que gosto tanto das esquinas? É porque nelas nunca sabemos o que vamos encontrar pela frente.


O que esperar de 2010?


Sou avesso às previsões, prefiro as produções. Penso que não podemos esperar nada menos do que a vontade de ocupar estes territórios, as esquinas de 2010, em que o cruzamento com o inusitado, a possibilidade de experimentações e de encontros heterogêneos, bons encontros num sentido spinozano, podem acontecer.


Sim, mais um ano possível pela frente, eis talvez uma das razões pelas quais é comum sentir um revigoramento nas viradas de ano.


Porém, as viradas de ano costumam se dar repletas de promessas e é aqui que reside todo o perigo. Não podemos nos esquecer dos alertas nietzschianos quanto aos riscos presentes nas promessas não cumpridas que deixamos pelo caminho (lixo pelas esquinas). Podemos padecer em meio a ressentimentos e à má consciência. Isso tudo agravado por um dos maiores inimigos de nosso intercessor bigodudo, a preguiça.