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quarta-feira, 18 de março de 2015

.:::::desterro.



 
 
 
(...) n'um futuro não muito distante, um planeta antes chamado Terra será nomeado Desterro, lá 'viverão' drones, clones-híbridos de outros clones, mezzo-ciborgues e hologramas, ah, e as baratas. Todos interagindo socialmente por meio de interfaces digitalizadas através das quais se poderá fazer de tudo um pouco através de nada. Procrastinar será imperativo. Não haverá livrarias, tampouco livros, apenas vigilância e visibilidade. A linguagem será uma só, traduzida dos diversos idiomas de outrora em um número pré-determinado de verbetes com significados gerando sentidos sempre óbvios. A escrita se tornará motivo de vergonha, sendo substituída pelos excessos da comunicação verbal, que depois serão anulados pela telepatia, até que esta caia em desuso pela falta de assunto em meio ao infinito acúmulo de dados em loop. Os deslocamentos serão por pixels, nossa pele imagético-imaterial, e o dinheiro, bem esse continuará destinado aos poucos 'faraós' de outros tempos, e com eles já terá sido enterrado. O conceito 'smart', valorizado em outros tempos tornar-se-á obsoleto, não se falará mais em Inteligência Artificial, pois aquilo não terá sido algo tão inteligente. O esoterismo substituirá a ciência e os fundamentalismos atropelarão qualquer tipo de interação com o divino. Terão sido criados tantos deuses, todos pertencentes a crenças monoteístas, que já não se saberá bem  a quê ou a quem recorrer em meio ao desespero. The end.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Nós, um pronome (ainda) perigoso


"I believe in miracles, I believe in a better world, for me and you.” – Ramones

Nossos dias e seus desafios, ou melhor, nossos desafios.


Nós, quando foi a última vez que você evocou este pronome? Ou quando vai ser, de fato, a sua primeira vez? Sim, quando vai ser a sua estréia? Que seja agora, pois há urgências em demasia, espalhadas por toda parte, rondando as esquinas.


Somos convocados pelas urgências de cada esquina, a cada passo, a cada fôlego, podemos aceitar nos implicar com estes desafios que a partir de nossa decisão se tornam nossos e fazer micropolítica, ou não. Eis uma escolha que não permite neutralidade - "A neutralidade é verde, a tristeza é azul e a alegria é vermelha." Os desafios são nossos, ou se tornam nossos na medida de nossas implicações. Implicações, tal como os institucionalistas franceses, e destaco aqui especialmente as contribuições de Lourau e Lapassade, definem este termo, levando-nos a fazermos cotidianamente a análise de nossas implicações. Naquilo que no âmbito individual e também coletivo nos atravessa, nos mobiliza, nos move, nos comove, nos paralisa, nos subverte, nos desassossega, etc.


Nós, pronome raro em sua força, não tão raro em sua freqüência de utilização. Mais mal tratado no dia a dia do que utilizado no grau máximo de sua potência, naquilo que o “nós pode”. Nas muitas oportunidades em que é evocado, isso se faz de modo no geral tão banalizado, que no mais das vezes, quando me incluem nesse coro, eu corro e prefiro ficar fora. Se utilizado de maneira apressada, o nós, tal como um nó frouxo, serve apenas para agrupar um amontoado de indivíduos e suas vaidades.


É que já experimentei os riscos deste pronome perigoso e não quero ser envolvido quando envolvimento não há. Nós, o pronome perigoso, como Richard Sennett bem ressaltou em seu livro “A corrosão do caráter: conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo”, pois pode nos permitir acionar e conectar as raras forças de resistência de um coletivo, no sentido de invenção de modos de Vida em comum, daquilo que advém das alianças capazes de fazer de um lugar uma comunidade.


É nesse sentido que eu acredito em milagres, acredito num mundo melhor para nós todos. E do milagre podemos criar uma utopia ativa.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sobre muros... (Post nº 1)


“Você samba de que lado, de que lado você samba, de que lado você vai sambar.” (Chico Science)


O muro de Berlim caiu fisicamente, isso em 1989, e de lá para cá participamos pelo mundo afora, uns mais diretamente, outros menos, da contínua transformação de algumas bipolaridades em campos afeitos a transversalidades. Noções políticas como as de direita vs. esquerda, socialismo soviético vs. capitalismo transnacional (born in U.S.A.), dentre outras, que antes perambulavam soberanas em meio aos nossos universos referencias, hoje se perdem em meio ao lusco-fusco das possibilidades de escolha e de posicionamento contemporâneas (pós-modernidade?). Há quem diga até que estas noções caducaram, sendo substituídas pelos efeitos do avanço do neoliberalismo e suas metamorfoses, que chegam reforçados pela vertiginosa e inacabada globalização, operando na dissolução/transmutação intermitente de fronteiras, que cada vez estão mais porosas, tal como um queijo suíço (e às vezes até com ares de uma suposta neutralidade suíça). Há até quem comente que a oposição mais evidente no contexto político mundial de nossos dias, é a que se dá entre neoliberalismo vs. fundamentalismo terrorista (O quê?!)... discordo, embora tenhamos assistido a um debate vigoroso, envolvendo estas definições pelos mass media afora. Alguns muros caem, são derrubados, outros (apenas) se transformam.