quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Hatsune Miku: Quando o holograma sai em turnê
“Just 'cause you feel it doesn't mean it's there.” – There There - Radiohead
Hatsune Miku, uma cantora virtual que atualmente faz muito sucesso no Japão, lota casas de espetáculos, enche estádios, arrasta milhares de fãs em seus shows miraculosos. Sim, o holograma saiu em turnê, já não era sem tempo! Presença da não-presença, simulação afectiva, repleta de toda magia que nossa tecnologia audiovisual consegue projetar nos dias de hoje. Trata-se de uma projeção holográfica 3D que simula no centro do palco uma figura que se tornou bastante popular na Terra do Sol Nascente, lá onde o milenar e o high tech se transversalizam, território dos micro-artefatos tecnológicos, da invenção e propagação de gadgets, dos Tamagochis, das lojas em que as pessoas pagam para acarinhar gatos. Sua voz é o resultado da captura do canto de uma garota de 16 anos modificada a partir de sintetizadores de modo a atingir timbres sobrehumanos – ritornelos em série. Sua imagem representa uma celebridade teen, a serviço do marketing. Se eu tinha receio de Lady Gaga nos responder o que pode um corpo, o que temer de Hatsune? Assista ao vídeo e tire suas próprias conclusões: LINK
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
(...) das forças que nos escapam.
Das forças que dão forma à Vida muito pouco se extrai, o que é uma pena. É mais fácil ficar restrito ao universo das formas, dentre as quais, as ditas mais belas, costumam ser destacadas. Parece ser mais seguro e confortável ignorar o contínuo embate de forças que muitas vezes resulta nas formas, sejam estas reconhecíveis ou não. Nada de se perder entre o que as forças podem nos proporcionar antes, no meio e depois das formas
Nosso repertório de formas parece ser também muito reduzido, sendo que no mais das vezes o que importa são as formas ditas como belas, ignorando-se a possível beleza das formas taxadas de não belas. Por outro lado, vasta é a quantidade de definições a piori, é só escolher e encaixar em padrões de toda sorte, do belo e do não belo, rótulos e categorias, produção em larga escala do mesmo em forma pura.
Quase sempre surge o implacável medo das forças. Especialmente das forças que nos escapam, ou que escapam às formas, ou que delas não dependem. Experimentar um desvio absoluto de padrão, linhas de fuga, invenções? Jamais! Se for para fugir que seja encaixando no desvio padrão já esperado, previsível, prêt-à-porter, a um passo da captura insossa.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Um suspiro... Oh Vida curta! O que não é intenso não me interessa.
Nas praias da imanência de uma Vida e suas virtualidades, com ondas que quebram na areia, eu tento aprender a surfar com Deleuze, meu professor de surf predileto, ou ao menos a pegar um jacarezinho para não levar um caldo.
A Vida à altura de seus acontecimentos, tal como nos ensinou o bigodudo do martelo, Nietzsche, certamente inspirado na concepção de destino das “fábulas” dos Estóicos: “O guerreiro dá um passo e é atingido pela flecha. Se não morre, passa a viver uma Vida outra, após a flechada e os limites que esta lhe impõe.”. Há ondas violentas mesmo, mas o que nos derruba, no mais das vezes, é o medo que temos de perder o equilíbrio.
O mais delicado e o mais sutil são de uma intensidade absurda. Há ocasiões em que um suspiro se equivale a uma onda. O mar suspira em ritmos variados. Surfar em meio a suspiros pode ser uma tarefa ofegante.
Neste instante, tal como numa onda, e eu nem sei ainda o que move o mar, tampouco o que pode um corpo, mergulho nas águas turvas e geladas da memória, mas as lembranças que chegam tem mais a ver com o futuro do que com o pretérito.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Bienvenue, para onde vamos?
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Nós, um pronome (ainda) perigoso
Nossos dias e seus desafios, ou melhor, nossos desafios.
Nós, quando foi a última vez que você evocou este pronome? Ou quando vai ser, de fato, a sua primeira vez? Sim, quando vai ser a sua estréia? Que seja agora, pois há urgências em demasia, espalhadas por toda parte, rondando as esquinas.
Somos convocados pelas urgências de cada esquina, a cada passo, a cada fôlego, podemos aceitar nos implicar com estes desafios que a partir de nossa decisão se tornam nossos e fazer micropolítica, ou não. Eis uma escolha que não permite neutralidade - "A neutralidade é verde, a tristeza é azul e a alegria é vermelha." Os desafios são nossos, ou se tornam nossos na medida de nossas implicações. Implicações, tal como os institucionalistas franceses, e destaco aqui especialmente as contribuições de Lourau e Lapassade, definem este termo, levando-nos a fazermos cotidianamente a análise de nossas implicações. Naquilo que no âmbito individual e também coletivo nos atravessa, nos mobiliza, nos move, nos comove, nos paralisa, nos subverte, nos desassossega, etc.
Nós, pronome raro em sua força, não tão raro em sua freqüência de utilização. Mais mal tratado no dia a dia do que utilizado no grau máximo de sua potência, naquilo que o “nós pode”. Nas muitas oportunidades em que é evocado, isso se faz de modo no geral tão banalizado, que no mais das vezes, quando me incluem nesse coro, eu corro e prefiro ficar fora. Se utilizado de maneira apressada, o nós, tal como um nó frouxo, serve apenas para agrupar um amontoado de indivíduos e suas vaidades.
É que já experimentei os riscos deste pronome perigoso e não quero ser envolvido quando envolvimento não há. Nós, o pronome perigoso, como Richard Sennett bem ressaltou em seu livro “A corrosão do caráter: conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo”, pois pode nos permitir acionar e conectar as raras forças de resistência de um coletivo, no sentido de invenção de modos de Vida em comum, daquilo que advém das alianças capazes de fazer de um lugar uma comunidade.
É nesse sentido que eu acredito em milagres, acredito num mundo melhor para nós todos. E do milagre podemos criar uma utopia ativa.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
As dobras do dentro e do fora de um dedo (mínimo).
Um pino, ou melhor, parafuso. Este corpo estranho atravessado, agora entranhado em meu dedo. Será assim daqui por diante. As dobras do dentro e do fora de um dedo (mínimo).
O exercício consiste em esquentar uma porção d’água, o suficiente para encher uma bacia. Esquentar até a água ficar morna e em seguida nela mergulhar a mão. Com a mão submersa n’água, tentar “suavemente” mexer o dedo mindinho, ou mínimo, da mão esquerda, “la mano sinistra”. Não há nada de suave nisso. A repetição, por vinte minutos todas as manhãs e mais vinte minutos todas as noites, dolorosa repetição. Duas vezes por dia, por pelo menos quinze dias. Preciso aprender a mexer, a dobrar o dedo, aprender de novo. Não há nada de suave nisso, em aprender, especialmente quando se trata de aprender de novo. Aprender de novo, que absolutamente nada tem a ver com reaprender. Tenho que aprender de novo, em busca de um movimento que já não consigo mais. Dou ordens a um dedo que não mais me obedece. Não esqueci como dar ordens, ainda mais a um dedo mínimo, mas ele já não me obedece mais. Dobrar o dedo. Isso me lembra os movimentos do balé, “plié”, “demi plié”, as dobras da bailarina. O dedo desobediente não quer mais se dobrar, criou após intervenção cirúrgica, uma linha catatônica, e assim cicatrizou. Preciso inventar agora uma outra linha, linha de dança, de manuseio, de tato, de dobra, inventar novos de passos de dança para a dobra de um dedo.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
in_visível*
Atravessa e não atravessa... circunda, faz um contorno flexível criando forma e de repente se deforma. Entra pelos poros da pele e sai. Atinge outros órgãos fazendo-os funcionar de forma diferente. Ou parar de funcionar completamente.
Uma nuvem multiforme... parece carneirinho, parece floco de algodão, mas é de outra natureza. Aliás, ali se tem um encontro de naturezas bem diversas. Em estados que se modificam, em temperaturas que oscilam e velocidades que se alternam. Choveu e o gás tornou-se um líquido que evaporou. Não é só água, é mistura. Impuro, incerto. Cai e molha, e escorre, e seca. As crianças fazem festa, os fazendeiros comemoram, e de repente o excesso e a enchente. É bom e é ruim, ou nenhum dos dois. É belo, e depois... “O que é, o que é? É invisível e me atravessa...” Me atravessa e vem de fora, e está dentro. É tanto meu quanto seu. Por outro lado, não nos pertence... nos compõe e decompõe. Uma explosão de afectos, mas não só isso, ou melhor, não é só disso que é feito. Qual o efeito? E para que serve?
O invisível que me atravessa, eu não vi. Você riu? Pois é... digno de embaraço esse traço de estilo, componente de subjetivação. Pergunte ao fulano, do que se trata. Uma resposta. (Parece ser mais fácil para um outro enxergar e dizer. Pois com meus próprios olhos, me ver, é impossível.) Pergunte ao cicrano. Outra resposta. Sou capaz de uma aposta: Se é invisível, ninguém sabe, ninguém viu. Parece cena de periferia: “Tá lá um corpo estendido no chão!”. E de que afectos ele é capaz? Pois mesmo morto ele promove afectos. Estou certo?!
O invisível tem cheiro? Tem sabor? A saber, em um encontro qualquer, em um lugar sem endereço, uma aliança. Unem-se corpos que depois se separam clandestinamente. Homem? Mulher? Tanto faz. Um bando. Ah! Assim diz o clichê: “A revolução não será televisionada”. Será? E para onde eles foram? E o que restou? Acontecimento fugaz e duradouro tal qual a eternidade. É como uma noite estrelada, você enxerga o astro que não está lá. A imagem permanece, mas ela não é. Mas suas linhas de brilho lá estão. Aqui e acolá, a nos iluminar. Você segue o rastro da luz com a qual estabelece intercessão. Alguém diz: “Hum! Gosto de você” – E continuo sem saber que gosto tem. Se é salgado, se é doce...
O invisível tem som? É palpável? Talvez seja tão sutil quanto um grito e assaz perturbador, como um sussurro. Um toque por debaixo da saia da menina, um chute na canela por debaixo da mesa. O invisível caminha sobre a pele como uma formiga. Uma não, várias... em linha. Fazendo cócegas.
- Eis um rosto: bravo, manso, alegre, triste... povoado de invisíveis.
Seguir as pegadas de um bando que atravessa o deserto. A brisa vem e apaga os registros, as marcas de pé, pata e pau que riscaram a areia escaldante. O calor é intenso e o ritmo das passadas preciso, pois um oásis com água e alimento e descanso é a próxima parada. Mas onde está esse paraíso necessário à preservação da vida? Não se sabe... se chega. Todo o cuidado é pouco, pois há miragens por todos os lados e a imensidão clara é de cegar os olhos.
*Texto escrito e anteriormente postado 19/09/2005 por rfelipe em (Old)deluxxxnomadology.
**Extraído da música “There, There” do álbum “Hail to the thief” – Radiohead – 2004.
***DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Trad. Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo, Editora Escuta, 1998.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Quem dera ser um peixe... ou a potência do feio
domingo, 15 de agosto de 2010
Gadgets, soa meio Beckett isso...
(...) gadgets, soa meio Beckett isso, palavra torta, gaga, "Lady Gaga, Lady Gadget" aliás, esta artista que se traveste de gadgets, quem ainda não a assistiu no vídeo de “Bad Romance” e que com(o) os demais gadgets e as demais máquinas “fantásticas” e seus gadgets “fabulosos”, cunha através da expressão de seu corpo e filiações semióticas, os mais variados signos de leitura pop. Signos de sedução, de sensualidade, de androginia, de pastiche, de ironia, ícone pop como fetiche de mercadoria imagético-musical, “Lady Gadget, Lady Gaga”, por favor (não) nos responda o que pode um corpo.
Gadget , expressão que ganha sentido de geringonça, de dispositivo, de aplicativo informático, mas que também é utilizada na forma de conceito por alguns autores (Deleuze, Guattari, Lacan, etc...) a pronúncia no inglês pode ser experimentada aqui: http://pt.forvo.com/word/gadget/ , para quem perdeu o ar ao tentar dizê-la. E não nos esqueçamos de que há gadgets que fazem falar, há gadgets que falam por nós.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
O ziguezague é a nova linha reta
segunda-feira, 26 de julho de 2010
mezzo amore*
Intermezzo: amor.
“O we will know, won't we?
The stars will explode in the sky
O but they don't, do they?
Stars have their moment and then they die”
(
A astronomia, sempre ela, a ciência que estuda o movimento dos astros, para quando estes se encontram na mais alta velocidade, ou até mesmo parados, em suas órbitas desmedidas de inércia pura. Os astros nos guiam, desde sempre. São estes os nossos modelos: o Sol, a Lua; Marte, Vênus; pai, mãe; e hoje, mais do que nunca, temos celebridades aos montes nos ensinando a viver, a amar. Temos acesso instantâneo às vinte-e-quatro horas do dia-a-dia de insossas celebridades quase-imediatas de um Big Brother Global, (acreditava-se antes que o Big Brother nos vigiava através da tele-tela... hoje quem duvida que somos nós que o vigiamos afoitos por movimentos quaisquer... numa total e patética inversão de papéis.). Nossos modelos estão por aí e se movem sorrateiros sem necessidade de passarela. São magros anoréxicos e, no entanto, fortes halterofilistas que levantam o pesado estandarte da padronização estética do belo corpo perfeito (o corpo pleno). Nas livrarias pipocam manuais, best-sellers, e uma multidão se arrasta e ainda suplica ansiosa: “Dêem-nos as respostas! - Somos pedintes no fim de feira, nos contentamos com os bagaços!”. As grandes tragédias shakesperianas hoje nada valem... é que não há mais tempo, ou, sobra tempo demais. Uma questão de duração! E nesse planeta que habitamos e que num só e mesmo golpe nos habita, quem se atreve a falar de amor? Falar só, basta? Explicar? Perguntas há aos montes... respostas, no entanto... há silêncio, a verdadeira trilha sonora de um filme, já dizia Michelangelo Antonioni. Este cineasta, mestre na manipulação dos tempos em cinema, e da estetização do desencontro humano na grande tela. O quanto nos inspira! O cinema funciona, e isto sabemos bem, tratar-se-ia do divã do pobre, como diria Guattari?
Como pedintes no fim de feira deliciamos-nos com os bagaços. Queremos modelos, mas estes indubitavelmente sempre falham. É preciso falar do amor como de um fracasso, que exige de nós uma experimentação às cegas. É questão de tato, de choque de corpos. A pergunta espinosana: “O que pode um corpo? De que afectos é capaz?” está longe de uma resposta. Mas em sua potência já é capaz de nos arrancar do confortável habitat a que nos acomodamos, e ansiosos estamos, a aguardar o chamado, com o bilhete de senha na mão. Não seremos chamados. É preciso tomar a iniciativa e se atirar. Antes um modo de existência a um modelo. Antes modos de amar a modelos. Sejamos criativos e sigamos sob o signo do desamparo. Não há mapas, a não ser que os construamos. E a pergunta que fica é a mesma que foge: “Como quebrar até mesmo o nosso amor para nos tornamos, enfim, capazes de amar? Como devir imperceptível?”(DELEUZE; PARNET, 1998, p. 59)**
** DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Trad. Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo, Editora Escuta, 1998.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
A pele
Paul Valéry escreveu certa vez “O mais profundo é a pele” e tomada pelas forças desta inspiradora afirmação, a artista plástica mineira Flávia Virgínia nos convidou a uma experimentação através da qual o que está em jogo é aquela pergunta espinosista “o que pode um corpo?”.
A pele de tinta sobre a segunda pele, de tecido, que sob a forma de indumentária cobre a pele do corpo da modelo e seus poros em uma fotografia capturada em meio ao inacabado processo de devir-pintura. Tinta sobre a pele, escorrendo tal como suor a imanentizá-la na tela, na fotografia, na modelo, na indumentária... tinta porosa, tal como a pele, às vezes áspera, às vezes imperfeita, noutras vezes macia... dá uma vontade de tocar, de sentir.
Num instante, lá está, uma metamorfose que nos falseia os sentidos, aliás, a pele é o palco para o falso, pois é ela, ou melhor, através dela, que tombam melhor as noções de dentro e fora: O que está dentro de um corpo (físico, biológico) e o que está fora? A pele transborda os sentidos quando cobre o “ao redor do corpo” e a gente descobre que noções como dentro e fora mais atrapalham do que ajudam.
Textura orgânica, porosa, maior órgão do corpo humano, fronteira derradeira a definir o dentro e fora mais radical do humano, que é o falso. Pele a definir a distância absoluta da qual nos fala Blanchot: a definir, limitar e transbordar. Território de contatos e de fuga, de contágios e travessias, a pele e suas esquinas, seu calor, frieza e odores.
A pele é um tipo de revestimento paradoxal, pois consegue ser ao mesmo tempo superfície e profundidade, que na união dos poros constitui uma rede, entre-poros e suas diversas entradas e saídas que dão acesso a um sem número de coisas que entram e que saem, que atravessam o corpo naquilo que pode um corpo.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
in a land(to e)scape.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
segunda-feira, 5 de julho de 2010
sábado, 3 de julho de 2010
segunda-feira, 21 de junho de 2010
câmera lenta na Copa do Mundo e a Vida imita o Videogame
Tenho a impressão de que discutiremos se a Vida imita a Arte ou se a Arte imita a Vida numa espécie de loop em modo Ad Infinitum. Discussão antiga em que encontramos argumentos interessantes a defender ambas as teses, assim como para refutá-las. Há artistas e não artistas funcionando como artistas e há também a eterna discussão a respeito do que é ou não é arte.
Sobre imitações recentes, me espantei com os recursos disponibilizados e exibidos na cobertura audiovisual do maior espetáculo midiático de nossos tempos, a Copa do Mundo de Futebol. Maior do que as Olimpíadas, no sentido dos investimentos e do envolvimento transnacional no esforço de fazer girar todo e qualquer detalhe, por menor que seja, em generosas porções imagetico-informacionais em quantidades exageradas. O futebol é um extraordinário business! E quase não dá para ninguém dizer que não está envolvido com isso em meio ao furacão que atravessa os tradicionais mecanismos de mass media e também os aparatos e redes sociais mais recentes.
E cada Copa tem as suas novidades tecnológicas. Recordo-me da Copa do Mundo de 1994, ocorrida nos Estados Unidos, quando celebramos a conquista da seleção brasileira em imagens cinematográficas, algo tal como: Hollywood se rendeu à Copa do Mundo de Futebol e nos emprestou não só as suas câmeras, mas também o seu jeito inconfundível de capturar, editar e disseminar imagens por televisão. E não faltou nem os heróis, nem os dublês, tampouco o beijo do mocinho na mocinha no final... Dunga beijando a donzela dourada – a taça de campeão.
Esta Copa recente, a primeira em solo africano, nos traz algo que ainda me causa um tremendo espanto em termos tecnológicos: o recurso demasiadamente utilizado da câmera lenta, em transmissão digital. Uau! É possível acompanhar o movimento de dezenas de músculos faciais a cada cabeçada; as expressões de dor a cada dividida; a grama arrancada nos passos largos de uma corrida com bola; o bater de palmas e os lábios em xingamentos e palavras de incentivo; a pele e os músculos e os cabelos e as indumentárias e as reações a cada gesto, a cada instante... Confesso que não sei se eu desejava mesmo ter acesso a isso tudo, a poder ver isso tudo, este excesso de imagens e suas repetições me causa certa vertigem. O recurso de câmera lenta na Copa do Mundo, mezzo FIFA Soccer, e a Vida imita o Videogame?
O futebol e o filme Avatar de James Cameron andam em passos aproximados, pois já é possível adquirir televisores com imagem 3D em Full HD, mesmo recurso explorado nas telas de cinema neste milionário filme em que não nos é possível distinguir a realidade, os atores em carne e osso, dos efeitos em animação gráfica.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Sobre muros...(Post nº 4) - episódio final da série.
Nossos tempos, quando as oposições se esfacelam e nos sentimos parte e efeito das transposições. Serra amigo do Lula, amigo do Collor, amigo do Sarney, e a bela idéia de aliança sendo utilizada em uma multiplicidade de sentidos nunca dantes experimentada (nunca mesmo?). Aliás, o que é uma oposição nos dias de hoje, senão uma posição junto às demais, nunca contra? Além disso, individual, coletivo... seria a hora de fabricarmos novos conceitos em substituição a estes termos?
Imagine as eleições via Twitter? Segundo um grande amigo, o filósofo Marcelo Fontes, Jacques Rancière defende a idéia de dissenso como elemento fundamental no processo democrático, mais do que o consenso. À pergunta se o mundo precisa de um outro Twitter, no sentido quantitativo e qualitativo, lanço a questão: Quem é o outro do Twitter?
N’outro dia estava a pensar sobre meu comportamento no Twitter, (aliás, em terra de perfis e robots, que exagero o meu em dizer “o meu comportamento no Twitter”), mas enfim, percebi e me inquietei com o fato de que nesta rede social de microblogs acompanho a tendência de seguir apenas aqueles que me interessam. Problematizando minha cadeia de interesses, que compõem meu universo referencial nesta rede, constatei que sigo apenas os perfis que reforçam meus gostos, minhas predileções, minhas posições... ou seja, apenas um lado da moeda, nada de oposições. Alguém pode estar pensando, eis você, vencendo o efeito “ou” das oposições (ou isso ou aquilo), efeito binário, 0 ou 1, mas não sei bem se a simples junção de semelhantes e similares caracterizaria um uso potencializante da conjunção “e”, tal como Deleuze e Guattari e a possibilidade do rizoma. Preocupei-me ao pensar nos riscos de me imbricar em meio a microfascismos, no sentido de retroalimentar posições. “Aquele fascimozinho ordinário” que nos atravessa, nos rodeia, nos tonteia, imperceptível no mais das vezes. Microfascismos nos habitam, estão dentro e fora, há em mim, nos outros em nós e em você também.
Seguidores? Seguir amigos e reforçar a doxa, a padronização das opiniões. Sigo amigos, que por sua vez, me perseguem, quando o que de fato pode produzir diferença seria conectar-se a intercessores e sua potência filiada ao desassossego do paradoxo.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Sobre muros... (Post nº3)
segunda-feira, 14 de junho de 2010
sábado, 12 de junho de 2010
Sobre muros... (Post nº2)
Considero assaz pertinente a noção de Sociedades de Controle conforme Deleuze, que nos sugere em seu artigo “Post-scriptum sobre as Sociedades de Controle” que este modelo surge em substituição às Sociedades de Disciplina dos séculos XVIII e XIX propostas em uma análise de Foucault. Mas em minha humilde opinião, saindo de cima do muro, não considero que um modelo substitua totalmente o outro, mas sim, que um modelo ultrapassa o outro, arrastando-o, atravessando-o consigo. Isso porque vemos à luz da noite ou à sombra do dia, elementos de um e d’outro modelo de sociedade materializados em nosso cotidiano de agora. Há ainda inúmeras instituições, dentre as que foram moldadas sob os princípios do confinamento físico conforme à nítida distinção entre dentro e fora, da utilização do panóptico e suas torres de vigilância centralizada das Sociedades de Disciplina, que com o tempo agregaram também o controle a céu aberto com a proliferação de sinópticos modulando nossas interações, velocidades e lentidões, em capturas descentralizadas típicas das Sociedades de Controle. Tudo isso “junto e misturado”. Há ainda um pouco disso naquilo e vice e versa.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Sobre muros... (Post nº 1)
“Você samba de que lado, de que lado você samba, de que lado você vai sambar.” (Chico Science)
terça-feira, 18 de maio de 2010
Freud e a psicanálise no centro do ringue novamente.
Vocês devem estar se perguntando a respeito da resposta que dei à referida indagação que me foi feita. Na realidade o que se seguiu foi um animado diálogo, pois conversações acerca de assuntos relacionados ao mondo psi em muito me alegram. O mondo psi é notoriamente um campo minado, em guerrilha permanente... vivo, incandescente. Isso ajuda e atrapalha, trata-se de um contínuo work in progress, pois a construção de objetos de pesquisa, metodologias, conceitos, técnicas, dispositivos, etc. acontece sem cessar, muitas vezes de modo atribulado, mas entre mortos e feridos há muitos avanços a se considerar.
terça-feira, 11 de maio de 2010
Dodó o destemido, não necessariamente, corajoso
De minha parte, tenho pensado seriamente em abolir a utilização de sinônimos em meu discurso, pois estes costumam mais complicar do que ajudar na comunicação. Ou talvez restringir os sinônimos a textos literários, poesias... e em escritos, digamos, técnicos, darei urros de longa vida à cacofonia provocada pela repetição do mesmo som de palavra, de uma mesma palavra em loop, a “repetir, repetir, repetir até ficar diferente – repetir é um dom do estilo”, tal como Manoel de Barros. É que gosto mesmo do sabor-saber que nos sugere Barthes, da ambigüidade, do duplo sentido, da vertigem que nos atravessa quando aderimos à multiplicidade como paradigma de expressão e sensibilidade. E uma palavra, cada uma, já traz em si e é ao mesmo tempo atravessada por um oceano multi-planetário de sentidos, uma multiplicidade como universo referencial.
Dodó, o destemido, não foi o que poderíamos chamar de sinônimo de corajoso. Tampouco o Dodó a que me refiro neste texto tem qualquer relação com o jogador de futebol brasileiro cujo apelido é Dodô. Aliás, me informa a Wikipédia, que o destemido Dodó também pode ser chamado Dodô, estando o primeiro termo em português europeu e o segundo brasileiro... ok. Dodó (Raphus cucullatus), também conhecido por Dronte... quantos nomes para esta ave cujas afecções, em virtude das asas curtas e do bico longo e pesado, não contemplavam a potência de ação legítima do voar. Uma ave não-voadora, tal como as nossas galinhas, embora o Dodó seja da família dos pombos, logo, está longe de ser um “sinônimo” de galinha.
Os Dodós habitavam as Ilhas Maurícias, na costa leste do continente africano, e foram extintos na metade do século XVII (coincidentemente o mesmo século de existência de Spinoza) época em que estas aves conviveram com colonizadores portugueses que aportaram por estas ilhas desde o século XVI. Segundo estudiosos, estas aves eram destemidas, não tendo medo das pessoas que chegavam às ilhas nem de seus cães e porcos. Ser destemido está longe de ser corajoso, embora estas duas expressões sejam em muitos casos tratadas como se fossem uma, sinônimo da outra. Ser destemido significa apenas ser desprovido de medo e muitas vezes é do medo que extraímos as potências do que chamamos coragem. Há de se ter coragem inclusive para se traçar uma linha de fuga.
Sendo a afecção em Spinoza o estado de um corpo sofrendo a ação de um outro corpo, é possível que o encontro entre os homens e os Dodós possa ser chamado de um mau encontro, especialmente para estas aves à medida em que concorreu para a diminuição na potência de ação dos Dodós e a extinção da espécie. Um encontro entre dois seres de espécies distintas, os Dodós e seu desengonçado passo, bico pesado e longo a chafurdar pelo chão com o homem, seus cães, seus porcos, seus hábitos e sua fome de colonização.
terça-feira, 4 de maio de 2010
O Rock and Roll e o desassossego
(…)
Every day is exactly the same
Algo parecido aparece no fragmento de letra de música abaixo.
(…)
Hold your breath and count to ten
Aforismo 341 – A Gaia Ciência – Nietzsche
A música e seus perceptos, blocos de sensações, a matéria prima para a evocação de ritornelos... lembro-me de várias cenas do filme Dançando no Escuro, dirigido pelo polêmico cineasta dinamarquês Lars Von Trier, em que Björk, em atuação esplendorosa, cantarola enquanto repete movimentos braçais em uma linha de produção de uma fábrica de panelas. Enquanto cantarola, a personagem experienciada pela cantora-atriz islandesa se projeta, em meio a delírios ou sonhos (escolha o que lhe convier), tal como se estivesse participando de um musical. Daí a traçar uma linha de fuga em que ela sai de cena, sai do corpo da fábrica, da boca da máquina que tritura metais em repetição, ainda na fábrica, sai permanecendo lá, e sem imitar um tipo-dançarino de musical, ao mesmo tempo em que se conectando às forças de uma dança rebelde, a personagem quase cega enxerga um possível naquele mundo de repetição infindável: da produção de diferença, ou a delicada arte de empurrar os impossíveis na invenção de saídas, criando rupturas a trincar o cotidiano quando este nos sufoca e por suas brechas fazer escoar um som, um gemido que seja, em tom celestial.
Sugiro aos leitores que busquem as músicas cujos fragmentos aqui copio, assim como este aforismo nietzschiano acima. O agenciamento entre música e filosofia, perceptos e conceitos, pode devir assaz intenso.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Eyjafjallajökull, o vulcão que não permite dizer o seu nome
A Islândia, país com a maior quantidade de músicos per capita, que já nos deu Björk, Sugarcubes, Tappi Tíkarrass, Sigur Rós, Amiina, Múm, entre outros, apareceu nas últimas semanas nas manchetes dos jornais pelo mundo em virtude de um diferente tipo de barulho. O barulho provocado pelo bafo quente e pelas cusparadas do vulcão Eyjafjallajökull, aquele que não nos permite dizer o seu nome.
Barulho este seguido de fumaça e de debates acerca do homem e sua relação com os recursos naturais e também os econômicos. De minha parte, costumo fazer com alguma freqüência a seguinte pergunta: Naturais? O que há de natural nos dias de hoje? Quase tudo é mistura, quase tudo é mestiço, quase tudo é artifício, é mentira... por que o “tudo”, categoria há bastante tempo tão duvidosa? O fato é que a pureza já se foi, deixou órfão e viúvos, quando foi colocada para correr a largos passos, assim como os recursos ditos naturais também se vão, se transformam. Só não concordo com os debates exagerados e inconsistentes, recheados de hipocrisia, que envolvem os mais exaltados na defesa do meio ambiente, quando muitas vezes, estes mesmos defensores não abrem mão das benesses produzidas pelo nosso descontrolado progresso socioeconômico e tecnológico. Há de se fazer algo pelo meio ambiente, algo pelo meio, não pelos extremos.
Mas voltando ao vulcão, é interessante como este acontecimento conseguiu atravessar fronteiras, colocando este país, a Islândia, (de fato) no mapa mundi, ou melhor, na ordem do dia pelas manchetes dos principais veículos de mass media.
O vulcão como expressão da Terra, de seu dentro-fora, que nos faz perguntar se estas categorias, dentro e fora continuam mesmo a fazer sentido na contemporaneidade.
Conforme Deleuze e Guattari, essa mesma Terra, grande máquina abstrata, que desde milhares de anos atrás tinha em si a possibilidade de desestratificação, à medida que as moléculas se organizavam, aumentando a capacidade de desterritorialização e reterritorialização, dá demonstrações de que seu processo de Vida e transformação não cessou. Tanto aqui como na Islândia, a Terra pulsa, embora lá haja hoje rochas exalando vapores vulcânicos que esculpem cavernas ou transformam águas geladas em ilhas de água morna no meio do gelo.
Este vulcão fez-me lembrar de certa feita quando eu estava a trabalhar com geólogos e engenheiros que atuam comigo na área de gestão de pessoas e precisávamos avançar em nossos entendimentos acerca de um possível conceito de subjetividade. Confesso que não é tarefa fácil trabalhar com este conceito dadas as suas inúmeras atualizações no campo das Ciências Humanas e também pelo fato da subjetividade ser costumeiramente perseguida pelos “atilados” defensores da supremacia da objetividade como se esta última fosse infalível/absoluta/neutra.
Lancei mão à época da caixa de ferramentas conceituais produzida por Gilles Deleuze e Félix Guattari em Mil Platôs, vol. 1, segundo tomo de Capitalismo e Esquizofrenia, no platô, 10.000 a.C. A Geologia da Moral (Quem a Terra Pensa que É?), em que estes dois pensadores da multiplicidade (o monstro bicéfalo D&G), nos apresentam uma espécie de ontologia como geologia das multiplicidades constituídas por movimentos de estratificação e desestratificação sobre diversos planos de consistência. E esta estratégia funcionou, mesmo que avariada a aproximar naquele momento seres de espécies tão distintas: psicólogo, geólogo, engenheiro, etc... num entendimento acerca da subjetividade, ou melhor, na produção de um conceito de subjetividade.
Pois bem, de minha parte prefiro o termo processos de subjetivação, conforme a Esquizoanálise, por considerar a subjetividade como um recorte transitório de uma multiplicidade engendrada em meio a movimentos contínuos e inacabados, em ritmos ora cadenciados, ora interrompidos bruscamente. A idéia de subjetividade interna, intocada, individual também não me convence e me parece pouco consistente frente aos desafios de hoje em dia. Haja vista as erupções, digo, a expressividade nossa de cada dia a lançar lava para todos os lados, resultado do choque de estratos, rochas desestratificadas, ou moldadas pelo vento, pela água.
Ainda seguindo estes referenciais, a nossa subjetividade é fruto de agenciamentos coletivos, encontros vida afora em que substâncias, matérias, acontecimentos, sons, palavras de ordem, afectos, etc... nos atravessam e são por nós atravessados e assim, tal como no cinema, tela a tela, percebemos o emoldurar de um fragmento de subjetividade aqui outro acolá. Um fragmento de subjetividade para chamar de seu. Ahn? Mas que ledo engano, a “nossa própria” subjetividade já não nos pertence, pertence ao mundo, Deus Sive Natura, como diria Spinoza.
Os estratos segundo a Geologia são atravessados por fissuras, desníveis, movimentos, pulsações e deslocamentos e por sobreposição de estratos (estratificação/desestratificação), temos a constituição de camadas, de crostas, indo do mais fundo ao mais plano e vice-versa. Tal como a nossa subjetividade em seu processo de evolução/involução, em que cada camada é acessível ou não à sua maneira.
Às vezes para acessar algumas camadas de subjetividades nós precisamos de instrumentos de arqueologia, tão delicados como um pincel, uma pá um raspador. Sim, tal como nos ensina Gregorio Baremblitt, o que conseguimos coletar não passa de raspas de subjetividade, e isso já é algo assaz valioso, tal como uma descoberta arqueológica. Noutras vezes, é necessário algo mais truculento, e a utilização de instrumentos mais incisivos tal como uma broca, um perfurador... chegando até o uso de dinamite.
Alguns estratos que compõem aspectos decisivos em meio aos nossos processos de subjetivação encontram-se fossilizados, outros tantos, tal como partículas de poeira sedimentar flutuam. Técnicas e metodologias as mais variadas nos são necessárias, máquinas entre máquinas na produção de subjetividades. Num mesmo plano de imanência, quantas camadas, quantos platôs!
sábado, 17 de abril de 2010
velocidade na escrita sempre movente
São hoje os dedos que não acompanham a velocidade de um pensamento, ou o contrário?
Avançar. Fast-Forward! Fast-Forward! Fast-Forward! Um corpo pode o que pode um corpo. Ou, um corpo já nem bem pode o que pode um corpo. O que pode um corpo? (aquela pergunta cujo retorno faz persistir...repete, insiste, repete) relações de velocidades e lentidões, cujos fluxos configuram, no instante mesmo em que se desmantelam, partículas rítmicas de existência, sempre transitórias, quase sempre arbitrárias.
A velocidade da luz, ambição de outrora, hoje luz da velocidade, mas só há encontro quando uma distância, mesmo que mínima, é instaurada em uma duração. (Distância=Velocidade X Tempo).
A velocidade da luz faz sombra?
Toda uma arquitetura das transparências arredias, hoje aglomerações de sujeitados em espaços de passagem, de deslocamento, que não foram projetados para atrasos de vôo(s). De um projeto ao projétil, uma bala perdida, e o passo que tinha de ser dado, uma vez que se hesita... passo nenhum há. Não há passo dado, não há dado. Não há a priori, mas um tempo presente, ou melhor, há o que há em tempo presente. Um presente dissecado, limado, raspado e isento de futuro, e também de passado, tal como os estóicos o concebem. Transmissões em tempo real? Trans_Missões, nos espaços entre_trans, e entre espaços, lisos e estriados. Apenas expressões de incorporais no plano imanente chamado Intenet.
Capturaram o soco de uma polegada do Bruce Lee, e medindo-o em um laboratório chegaram à conclusão que este golpe alcança a velocidade de 12m/s, o suficiente para atravessar uma quadra de basquete em 1 segundo. Não era um soco tão forte, se comparado ao dos pugilistas peso-pesado, mas o suficiente para machucar, distrair e desequilibrar um oponente de peso, tal qual Chuck Norris.